sexta-feira, maio 25, 2007

"Ótimo" exemplo

Não gosto de generalizar as coisas, mas olhando uma foto destas, não dá para ter argumentos contra quem diz que os funcionários públicos trabalham muito pouco para o que ganham.
Isso para ser ameno nos adjetivos.
Vagabundo, safado e folgado são termos que comumente aparecem relacionados à classe.



Para o bem do país, espero que tenha sido uma foto posada. Espero mesmo.

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segunda-feira, maio 14, 2007

Que país é este?

Tentando achar respostas plausíveis para essa pergunta, segue uma cena que talvez possam explicar por que o (ainda) nosso Brasil é um país sui generis.

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Um sujeito comprou uma geladeira nova.
Para livrar-se da geladeira velha, colocou-a no gramado em frente à casa e pendurou um aviso dizendo: "De graça para um bom lar. Se a quiser, basta levá-la."

A geladeira ficou lá por três dias sem receber sequer um segundo olhar dos passantes. Finalmente, o sujeito chegou à conclusão de que as pessoas não acreditavam no que ele estava propondo.

Parecia bom demais para ser verdade e ele então mudou o aviso, que passou a ser: "Geladeira à venda, por $50 reais".

No dia seguinte alguém a tinha roubado.

Cuidado. Esse tipo de gente vota.

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quarta-feira, maio 09, 2007

Carta aberta para Rosa Cristina

Discurso do Senador Pedro Simon
Plenário do Senado - Brasília, 13/02/2007 Carta aberta à mãe do menino
João Hélio, 6 anos, morto de forma cruel por assaltantes no Rio de
Janeiro, dia 07/02/2007.


Mãe,

Conheço o tamanho da tua dor, que é a mesma do Élson e da Aline. Para mim, é, também, uma dor vivida. A perda de um filho é, sem dúvida, o maior de todos os sofrimentos.

Por que tamanha provação? Versões contemporâneas de Abraão? "Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o, aí, em holocausto, sobre uma montanha que eu vou lhe mostrar".
Por que, então, o anjo de Javé não te ajudou a desatar aquela simples fivela, de um cinto dito de segurança, que permitiria devolver aos teus braços de mãe, o pequeno
João Hélio, o Isaac dos nossos tempos, para que ele permanecesse entre nós, dividindo e multiplicando sua alegria de vida?

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?"
É nestes momentos que nos sentimos ínfimos, diante dos desígnios do Criador. Pior: é, também, nestes mesmos momentos que sabemos o quanto a humanidade se distanciou da Sua obra.
Disseste, "eles não têm coração".
Eles têm! É que nós utilizamos os dons que nos são ungidos e criamos, como novos deuses, a inteligência artificial, enquanto desdenhamos os sentimentos mais sublimes e naturais, aqueles que brotam, somente e semente, em corações fertilizados pelo amor e pela fraternidade. Ao contrário, permitimos que florescesse, em muitos corações, nas favelas e nos palácios, a barbárie. No Rio de Janeiro, em São Paulo, em
Brasília, em Washington ou em Bagdá.
É a humanidade, enquanto gênero humano, que se distancia dos seus próprios conceitos de benevolência, de clemência e de compaixão.

Que tuas lágrimas não se percam, apenas, nos índices de audiência e nos discursos de conveniência. Ao contrário, que elas mobilizem corações e mentes para a reconstrução dos valores que perdemos nessa travessia terrena. Em outros tempos, não tão distantes, os valores morais e culturais se construíam sobre o tripé família, escola e igreja. Hoje, a família foi dilacerada. A escola, sucateada. A igreja, excomungada. No lugar, um novo, e perverso, tripé: a droga, a rua e a arma. A droga,
como estímulo. A rua, como palco. A arma, como poder.

Ainda naqueles outros tempos, as famílias se reuniam para contar, e para trocar, suas histórias de vida. Era um grande círculo de amizade e fraternidade. Família, escola e igreja, ao mesmo tempo e no mesmo espaço.
Respeito, aprendizado e bênção. Pais heróis. Hoje, o círculo familiar deu lugar a um semicírculo vicioso. No centro, a TV, e os novos heróis são aqueles que mais atiram, que mais batem, que mais matam. É a arte imitando a vida. Ou incentivando a morte. Ou vice-versa.

Vim, vi e envelheci. Mas, por mais que possam tentar tripudiar o meu discurso e a minha prática, porque, dizem, obsoletos, não mudei.
Continuo vivendo os valores que herdei. Da família, da escola e da igreja. Para mim, não há diferença, na dor, entre o favelado que puxa o gatilho nas esquinas e o dirigente que manda despejar mísseis sobre cidades inteiras. Quantas serão as mães de Bagdá, que choram a morte de seus pequenos inocentes, meninos da guerra, trucidados em nome do poder e da ganância. Pior: "em nome de Deus". São, todos, bárbaros, cruéis, desumanos.

É essa a minha luta: resgatar o verdadeiro sentido de humanidade. Que os homens retomem o projeto do Criador. Onde reina a barbárie, de nada vão adiantar novas leis que não se cumprem; novas punições, que servirão, tão somente, para alimentar a impunidade. Há que se ressuscitar as letras mortas. E, isso se faz, somente, com o grito estridente das ruas.
Como bem disseste, o teu filho não pode ser mais um número nas estatísticas da violência. Como em outros casos tão recentes, temo que a tua imolação seja esquecida, quando a comoção dobrar a esquina. Talvez, a mesma esquina em que foste abordada, tão covardemente. Mas, a tua dor, não. Nunca mais. A dor por um filho é eterna. Ela nos acompanha, até que o encontremos, de novo, em outra dimensão. Por isso, as tuas lágrimas têm que irrigar a indignação, que hoje toma conta de
estádios, de ruas e de lares. Das famílias, das escolas e das igrejas.

Quem sabe o sacrifício do teu filho signifique o renascimento do tripé que suporta outros valores, que não a barbárie.
Somos parceiros, nessa dor.

Em tempo: quando conversares com o João Hélio, nos teus sonhos de mãe, diga-lhe que um menino alegre, feliz, bonito e inteligente como ele irá procurá-lo, entre todos os anjos.
Diga-lhe que eles têm muito em comum na inocência de criança. Ele partiu há alguns anos, mas, nas minhas mais belas lembranças, continua o mesmo guri que me encantava a alma. Também partiu precoce, como todas as vítimas de algum tipo de violência. Diga-lhe que esse guri se chama Matheus. Eu já conversei com ele, nos meus sonhos de pai.

Um abraço fraterno,

Senador Pedro Simon

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