sexta-feira, junho 29, 2007

Perguntas

Tenho pensado bastante nas coisas que acontecem lá no Planalto Central.
Raciocino da forma complexa que me foi ensinada na faculdade e tento ver todos os ângulos e nuances dessas questões de corrupção, lobby e filhos ilegítimos, camaradagem, beneficiamento e sonegação que aparecem todos os dias nos jornais.

Felizmente, consegui me disciplinar para transformar toda essa complexidade em alguns itens simples, dignos de debate em qualquer ambiente.
Da mesa de bar até a de cirurgia, acredito que todo mundo consiga dizer algo sobre, por exemplo: com que justificativa os senadores do Governo pretendiam arquivar o processo do Presidente da Casa, Renan Calheiros?
Será que eles esperam que o país inteiro acredite nos poderes de clarividência que eles teriam ao descobrir que Renan é inocente antes das investigações da PF chegarem a alguma conclusão efetiva?
Será que o próprio Renan acreditava nisso?
Será que eles acreditam mesmo que esse monte de renúncias no Comitê de Ética do Senado não sinalizam algo de ruim para a sociedade?
Será que alguém acredita que o Presidente vá colocar seu pescoço à prova em um processo que o país inteiro acompanha?

Minha conclusão é uma só: que nós somos otários, eu não tenho dúvida, haja vista que fomos nós que colocamos cada um daqueles ilustres senadores nos cargos que ocupam hoje, mas que os próprios senadores eram ingênuos, isso é novidade completa para mim.

Ou será que o ingênuo sou eu?

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sexta-feira, junho 22, 2007

Teoria da conspiração

Me acabou de ocorrer uma relação entre o atual caos aéreo do país e as investigações sobre a responsabilidade pela queda do avião da Gol, em 2006.

Mesmo que a imprensa publique que os controladores estão fazendo operação-padrão por conta de exigências trabalhistas não atendidas pelo Governo, fico pensando se isso não é na verdade uma forma de desviar a atenção da opinião pública ou mesmo de pressionar o Governo a não culpar as pessoas que estavam no Cindacta no dia do acidente.
Sim, por que dos três grupos envolvidos no acidentes (os pilotos do Legacy, os pilotos do Boeing da Gol e os controladores), pelo menos um tem que ser responsabilizado pelas mortes. Como os pilotos do Legacy podem ter o Governo dos Estados Unidos por trás, pode estar sobrando para os controladores, que vão a Brasília, depõem e choram.

E como eles sentem que a bomba vai acabar estourando mesmo na mão deles, nada melhor do que fazer o Governo de refém e fazer um "acordo", criar uma nuvem de fumaça para que ninguém seja punido.
Seria uma impunidade forçada, mas não deixaria de ser impunidade.

Vamos ver se a Internet não nos traz mais algumas informações sobre esta desconfiança.

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quarta-feira, junho 06, 2007

Mais bonito

Como bom Tricolor que sou, estou acostumado a ser alvo de brincadeiras relacionadas à sexualidade e à delicadeza que supostamente teriam a ver com os que compartilham meu gosto futebolístico.
Antigamente eu ficava incomodado. Hoje não. Depois que comecei a pensar um pouco nas razões dessas brincadeiras e nos outros entornos que vejo, deixei de me preocupar.
Hoje em dia, me sinto muito mais ofendido se me chamam de ladrão.
Viado? Gay? Bicha? Não pega nada. Mas não ouse sequer colocar em dúvida meu julgamento em uma vaquinha para comprar pão. A coisa pega.

Não quero me extender muito nas minhas razões.
Prefiro comentar um pouco as razões dos outros, daqueles que saem no tapa ao serem chamados de boiolas, mas que acham normal levar vantagem em tudo e ter imagem de desonesto.
"É assim mesmo", dizem alguns. "Não pode ser", rebato eu.
Ningué deveria se sentir bem ao ter a honestidade questionada, ao ser chamado de ladrão, de safado, de desonesto.
Outros dizem que é tudo culpa da Lei de Gérson.
Outra besteira: essa "lei" decorreu da desonestidade latente, não a originou.
E é bem isso mesmo: a desonestidade parece latente no povo, só esperando pela oportunidade de aparecer e aprontar das suas.


O Gérson vulgo "bode expiatório dos ladrões"


Não gosto de generalismo. A maioria deles é burra e míope.
Mas neste caso, não tenho muito medo de generalizar: o povo gosta de ser desonesto, de levar vantagem e de passar o outro para trás.
E não acho que seja uma coisa de todo mundo se dar bem.
O segredo da coisa é o cara se dar bem e o outro não. Se não houver alguém prejudicado ou ficando paa trás, não tem a mesma graça.
O sucesso do golpe depende do "trouxa".

E antes que me puxem a orelha, também não acho que a ojeriza ao gay e aceitação do "Gérson" sejam só por conta do machismo latino.
A menos, claro, que em algum dicionário do mundo macho e ladrão sejam sinônimos. Duvide-o-dó.

Dito isso, fica a pergunta que aceita respostas de quem achar que tem algo a dizer: por que o Brasil acha mais bonito ser ladrão do que ser gay?

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