quarta-feira, julho 18, 2007

A tragédia de Congonhas

Pensei em escrever algo sobre o acidente de ontem, mas acho que o Thomas Traumann já fez isso bem na Época.
Não sei de quem é a culpa, nem se existe culpa.
O que sei é que esses problemas estão se tornando demasiado comuns para que não se faça nada ou não se discutam soluções mais amplas.

E enquanto 200 pessoas morrem, o Renan ri à toa pelo afastamento dos holofotes!
Isso sim é que é humor negro!

Quase duzentos Fábios, Júlios e Marias morreram ontem à noite no pior acidente aéreo da América Latina. Ao tentar pousar no aeroporto de Congonhas, um avião da TAM derrapou na pista molhada, passou em um vôo rasante sobre os carros que estavam na avenida Washington Luís e acabou explodindo ao se chocar contra um prédio da própria TAM e um posto de gasolina.

Testemunhas contam que primeiro ouviram um estrondo. Depois, viram um clarão e uma gigantesca bola de fogo.No caos do trabalho de resgate, policiais disseram a O Estado ter encontrado os corpos de uma mãe e uma criança carbonizados dentro de um carro que estava no posto de gasolina atingido pelo avião. As duas morreram abraçadas.
A Folha relata o tragédia de uma funcionária da TAM que se jogou da janela do prédio atingido pelo avião. Ela morreu na queda.
Todas as TVs mostraram o despreparo da companhia em lidar com as famílias das vítimas em Porto Alegre.

Dramas como o de ontem exigem o melhor (e, muitas vezes, exibem o pior) da imprensa. Quem eram as vítimas? Como e por que o acidente aconteceu? E pode acontecer de novo? são perguntas naturais impossíveis de serem respondidas de imediato. Mas os jornais de hoje revelam várias possibilidades.
Todos as TVs, sites, rádios e jornais lembram que a pista principal do aeroporto de Congonhas estava funcionando sem as ranhuras transversais - chamadas de grooving - necessárias para o escoamento de água. Sem o grooving, o piso poderia empoçar e causar aquaplanagem. Foi essa falha que, provavelmente, causou a derrapagem de avião da Pantanal anteontem, na mesma pista em que ocorreu o acidente da TAM.

Pilotos contaram a O Globo que em Congonhas sob chuva os pneus surfam na água e o freio não consegue atrito.
A Folha denuncia que os controladores de tráfego aéreo da torre de Congonhas disseram ter pedido o fechamento da pista principal durante as chuvas.
Oficiais da Força Aérea e autoridades da Infraero negaram o pedido por entender que não havia perigo.

“O acidente foi uma tragédia anunciada”, afirmou Carlos Camacho, diretor de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas _ frase que rendeu a manchete de Jornal do Brasil.Três pilotos ouvidos pelo O Estado, afirmaram que um dos reversos do avião da TAM estaria "pinado".
O termo, eles explicam, significa que a peça teria um pino para travar o freios. Isso impediria que a aeronave tivesse os freios ativados inesperadamente, como ocorreu na decolagem do Fokker 100, em 1996.

O presidente Lula organizou um gabinete de emergência com os os ministros Waldir Pires (Defesa), Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), Dilma Roussef (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação Social). A Polícia Federal vai investigar as causas do acidente. O Globo informa que o governo trabalha com a hipótese de que o acidente pode ter sido falha humana. O piloto teria tentado parar e tentou arremeter quando o avião já estava no chão.

A melhor reportagem estrangeira está no argentino La Nacion, que informa com cinismo: “a Infraero é um organismo militar que não se submete ao controle normal do Estado e que oferece sempre como resposta às críticas que o tráfego áereo brasileiro é um dos melhores do mundo”.
O inglês The Guardian lembra da morte de 155 pessoas no desatre da Gol em setembro, enquanto o The New York Times recorda que em fevereiro um juiz tentou proibir que Congonhas recebesse aviões grandes por falta de segurança. “A decisão foi derrubada por um tribunal superior, sob o argumento que a medida era drástica demais e teria um efeito econômico negativo’.

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